Citizenfour (2014)

MV5BMTc0MTM0MTA5MF5BMl5BanBnXkFtZTgwNzEwODEwMzE@._V1_SY317_CR1,0,214,317_AL_Direção: Laura Poitras
País: Alemanha e USA

Como mencionado nos primeiros minutos de Citizenfour, esse é documentário faz parte de uma trilogia sobre os USA depois de 11 de Setembro.

Dessa vez a diretora Laura Poitras nos fala sobre, desde o início e sob uma perspectiva única e exclusiva, as informações vazadas por Edward Snowden.

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Come Worry With Us! (2013)

cd8fee02Direção: Helene Klodawsky
Roteiro: Helene Klodawsky
País: Canadá e EUA

O que acontece quando profissionais criativos (artistas, músicos, escritores), que dependem exclusivamente da sua arte, viram pais e precisam lidar com os gastos e implicações de ter um filho?

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Last Train Home (2009)

Direção: Lixin Fan
País: China / Canadá / UK

Pra qualquer um que não mora na Ásia, Last Train Home é um documentário de choque cultural. Uma cultura onde um adolescente de 17 anos decide por si mesmo abandonar o colégio e ir trabalhar, para ajudar a família e a si mesmo.
Durante o ano novo chinês, milhões de chineses que moram nas fábricas onde trabalham voltam para casa, pela única vez no ano, visitar suas famílias. São 130 milhões de pessoas e essa é a maior migração humana no mundo. Nesse documentário, acompanhamos apenas uma família. Os pais moram juntos e trabalham numa fábrica de roupas, enquanto na sua casa, no interior, seus filhos e uma avó cuida da casa e sobrevive. Uma adolescente mulher (menina do cartaz), um menino criança que está no colégio e uma avó de 60 anos. Esses três fazem todo o trabalho pra cuidar do sítio, como colher comida, lavar roupas, alimentar as galinhas, etc.
O processo de migração é brutal. 130 milhões, ou seja, é difícil comprar passagem. Se não conseguir, vai ter que esperar mais um ano pra ver a família. É tanta gente que é impossível não se perder, caso não esteja sozinho. Vemos filhos que conseguiram passar de uma grade, mas cujos pais ficaram pra trás. Vemos pessoas carregando malas e sacos enormes, chorando tamanho o estresse que esse processo causa, e não fazem nada a não ser andar pra frente, em direção ao próximo trem pra casa.
Em sua cena mais dramática, no segundo ano novo do filme (quando a filha já tinha decidido parar com os estudos pra trabalhar), a família discute e a filha diz coisas ofensivas, o que faz o pai bater nela e começam uma briga. Com a filha no chão chorando, a mãe, do lado, na mesma hora toma o lado do marido, dizendo “como tu ousas desrespeitar o teu pai, que trabalha todo o dia pra trazer dinheiro pra essa família?”

Nota 7.5

(Depois atualizo o post com o grid)

Man on Wire (2008)

Direção: James Marsh
Roteiro: Philippe Petit
País: UK / EUA

Documentário muito emocionante sobre um equilibrista que fez a façanha de ficar equilibrado (andando e brincando) entre as duas Torres Gêmeas por mais de quarenta e cinco minutos.
A paixão (e o sonho) de Philippe Petit por equilibrismo surgiu quando ele era criança. Um dia, ele foi ao dentista e, na sala de espera, viu uma revista onde falavam sobre a construção do World Trade Center, que não havia ainda sido iniciada. A matéria mostrava uma imagem do projeto. Ele rasgou a página da revista e foi embora. “Fiquei com dor de dente por uma semana, admito, mas o que era essa dor comparado com o sonho que eu tinha recém descoberto?”, diz.
O primeiro feito marcante de Philippe como equilibrista foi andar entre duas pequenas torres da catedral de Notre Dame. 69 metros de altura. Eis uma foto do evento. A segunda vez foi na Austrália, na ponte do porto de Sydney. 134 metros. Foto. E, bem, o WTC tinha 417 metros de altura. Então ele, sua namorada e mais vários amigos e contatos passaram meses planejando como fariam isso. Afinal, o objetivo deles era ilegal e eles precisavam agir às escuras. Meio que literalmente pois ficaram a madrugada inteira no telhado das torres arrumando os cabos e preparativos. Na prática, foram apenas quatro pessoas para realizar o ato. Ele e outro amigo em uma torre, e mais dois na outra. Um deles era americano e não sabia falar francês. O resto do pessoal ficou lá em baixo esperando.
O mais impressionante sobre Philippe e todos os envolvidos é a dedicação e confiança que tinham na habilidade do equilibrista. Claro, ele não era o melhor do mundo, não era impossível dele cair. Mas quando ele estava no cabo, ele se sentia livre. Feliz. No seu lugar. Tanto que brincava lá de cima, em todas as situações, deitando no cabo, fazendo malabarismo com objetos, ajoelhava… Na primeira vez que Philippe viu as Torres Gêmeas, ele percebeu que era impossível. Ele, e todo mundo, ficou perplexo pela magnitude daquilo que queriam alcançar. Convenhamos, pensa bem. Um equilibrista entre as Torres Gêmeas? Quem se submeteria a isso? Por quê? Parece realmente impossível. Philippe nem mesmo tinha confiança em si mesmo, afinal, qualquer coisa pode acontecer lá. Ele pode dar um passo e cair e morrer. “Que morte linda seria”. Muitas vezes os realizadores do feito concluíam isso, mas eles não iriam parar agora, iam?
É meio difícil descrever as emoções que Man on Wire passa. “Você tinha que estar lá.” A namorada de Philippe diz que chorou quando viu ele, lá de baixo das Torres, num cabo finíssimo. Só imagino o sentimento dos amigos que estavam nos topos das torres, ali perto. Uma das imagens mais poderosas do documentário, e a namorada dele descreve, foi quando, lá no cabo, ele fez aqui que está mostrado na penúltima imagem do grid abaixo. Quando já estava seguro que sabia que estava fazendo, que não ia cair, quando já estava brincando no cabo, ele saúda a câmera. Como se fosse um ator no fim de uma peça de teatro, como se dissesse “eu estou aqui, apreciem-me.” Pode não ser do seu jeito mais normal, mas isso é arte. Como não apreciar? Como descrever uma pessoa assim que simplesmente vai direto em direção ao seu sonho e o realiza dessa forma? 
Quando a polícia finalmente põe suas mãos em Philippe, e logo depois os repórteres, a mídia e, bem, todo mundo, a pergunta mais comum que lhe faziam era “Por quê? Por que você fez isso?” mas o equilibrista sabia que essa pergunta não tinha resposta. Ele apenas fez. Viu aquelas torres naquela revista quando criança e decidiu que iria fazer isso. E eu o aplaudo por isso.
Nota 9.5